Portugal Profundo

Adoro ver televisão.

Vejo mais do que devia e menos do que desejaria. A televisão em Portugal é uma coisa muito (des)interessante.

O canal que tem as melhores séries só as passa a altas horas e junta-lhes sempre uma enorme dose de conteúdos publicitários que quando o intervalo acaba e o programa recomeça, já não nos lembramos do que estavamos a ver.
É como se estivessemos a fazer amor e de repente, parassemos e deixássemos o suor escorrer, a pele arrefecer e o vigor descer...

Um destes dias, não à noite, mas durante o dia. Mais precisamente à hora do almoço, a ver o serviço noticioso do mesmo canal, passava uma reportagem de um assalto de peças de Arte Sacra, numa freguesia do alto Tua - Trás os Montes.

Pelos vistos, tinham roubado uns santinhos e castiçais de prata da igreja local. Até aqui tudo bem. Até porque vivemos num país de roubos de igreja. Nem que seja só no futebol, principalmente nas arbitagens caseiras, lá para o lado da 2ª circular.

A repórter, interessadíssima pelo caso, e a querer impressionar os chefes, fez a típica reportagem e obviamente, entrevistou alguns populares, a verdadeira populaça.
Falou um velhinho, outro velinho... uma velinha que afirmou que o Santo Antão era muito milagreiro...

Mas "la piece de resistance"... foi a última entrevistada: Uma velhinha de lágrimas nos olhos e a clássica e inevitável indumentária de roupa velha e preta que afirmou entre soluços:

"Não cumi nem bubi durante três dias, desde que soube..."


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