Onde é que deixei aquela coisa...

Eu tenho a mania de passar a vida a esquecer-me do sítio onde ponho as coisas.
Fiquem sabendo que tenho aquilo que se chama de "memória fotográfica". Nunca esqueço uma cara, ou mesmo imagem. Esqueço-me sempre do nome das pessoas, mas nunca da cara ou mesmo da situação.
No entanto, passo a vida a cometer pequenos lapsos. Ora são as chaves e tenho de voltar para trás a pegá-las. Ora são os vidros do carro que me esqueço de fechar. Vejam lá que uma vez fui passear o cão e quando entrei em casa reparei que o tinha deixado na rua.
Pode-se então dizer que sou distráido. Sim, é isso! Sou distraído!
Então, o que eu precisava era uma daquelas cenas para procurar as coisas. Tipo uma coisa que existe, com códigos de cor, que funciona via rádio e dá para procurar as chaves, carteiras, etc.. O que preciso é mesmo uma cena dessas - um procurador (deve ser o nome da coisa - e foi de certeza inventada no oriente).
No dicionário de Língua Portuguesa Online (http://www.priberam.pt/) a palavra procurador tem o seguinte significado:
do Lat. procuratore
s. m.,
indivíduo que tem procuração para agir e tratar de negócios de outrem;
administrador;
membro, escolhido ou eleito, de uma instituição;
mandatário;
solicitador;
medianeiro;
representante;
adj.,
que procura;
investigador.
Ora aí está, procurador adjectivado, é aquele ou aquilo que procura. Concluo então que preciso mesmo de um procurador.
O que eu preciso mesmo é de um Pinto Monteiro.

ndr.: Pinto Monteiro é o Procurador Geral da República (à data). Parece que a função dele, é procurar a República. Ou seja, a menina com os peitos vistosos na gravura acima.

(Parece que a perderam pouco depois de a pintarem - nos finais de 1910)

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